Estás grávidas e após fazeres análises, descobriste que tens Diabetes Gestacional!
E agora que precisas saber?
Um diagnóstico destes pode ser um processo assustador e trazer consigo um monte de dúvidas, receios e inseguranças, difíceis de assimilar. Se este é o teu caso, acredita que não estás sozinha. Na verdade, o número de mulheres grávidas a quem é diagnosticado diabetes gestacional tem vindo a crescer nos últimos anos e se olharmos para os números, em Portugal, dados mais recentes e referentes a 2018, apontam para uma prevalência da Diabetes Gestacional de 8,8% da população de mulheres que foram mães, no Sistema Nacional de Saúde. Por outro lado, tem-se verificado que esta prevalência tem vindo a aumentar em mulheres com idade acima dos 40 anos, aqui subindo a incidência para 17.7%.
															Adaptado de Relatório Anual do Observatório Nacional da Diabetes – Edição de 2019
A gravidez por si só, como já sabemos, é um período durante o qual a mulher vivencia uma variedade de sentimentos e emoções que são originadas tanto pelas mudanças físicas como psicológicas próprias da gravidez. Se acrescentámos a isto, as várias alterações impostas pela Diabetes gestacional no estilo de vida, a nível alimentar, o desconforto de ter de ser “picada” e o medo das complicações futuras, faz com que este processo seja vivenciado de uma forma muitas vezes angustiante.
Para tal não acontecer é importante estares informada e envolvida nos teus cuidados de saúde.
É importante saberes que a Diabetes Gestacional define-se pela presença de níveis de açúcar no sangue elevados (hiperglicemia) que é detectada ou diagnosticada durante a gravidez. Pode ocorrer em qualquer mês de gestação, contudo é mais frequente a partir das 24 semanas e, normalmente, acaba por se auto resolver após o parto (exceto nos casos de diabetes não identificada antes da gravidez).
É igualmente importante saberes que a partir deste momento, por teres Diabetes Gestacional passas a ter uma gravidez de alto risco, devido ao fato de apresentares também um risco maior de ter outras complicações relacionadas à gestação como por exemplo, parto prematuro, infeções, alterações no volume do líquido amniótico, aumento da pressão arterial e dificuldade na progressão do trabalho de parto e maior risco de traumatismo durante o mesmo.
E por fim é importante saber que sim, é uma condição médica, que apesar de transitória, pode levar, após o parto, a um conjunto de complicações a curto e a longo prazo, tanto para ti como para o(s) teu(s) bebé(s). Contudo é igualmente importante dizer que já foi comprovado que o controlo desta anomalia da tolerância aos hidratos de carbono, está diretamente relacionado com a diminuição dessas complicações. Isto é, quanto mais rapidamente for feito o diagnóstico, e o seu controlo, maiores serão os benefícios a alcançar. A maioria das mulheres que têm Diabetes Gestacional têm uma gravidez e bebé saudáveis.
Nos últimos anos temos vindo a assistir aos avanços na vigilância e tratamento da diabetes nas grávidas. Existem cada vez mais fármacos disponíveis que podem ser tomados com segurança, aparelhos que em segundos nos permitem saber como estão os valores, e novas maneiras de comer saudável sem passar necessariamente por uma dieta restrita, sem falar do conhecimento que tem vindo a ser desenvolvido nesta área nas últimas décadas. Todos esses avanços têm vindo a contribuir para uma redução das complicações tantos nas mães como nos recém-nascidos. Realçamos aqui também a necessidade de apoio parte de uma equipa de profissionais de saúde, competente e sensíveis para esta temática, bem como o papel ativo da mulher grávida na gestão da sua doença, para vivenciar este período o mais tranquilo possível.
Texto elaborado por Andreia Rebola